quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Caso 1605

Eles contrataram os melhores psicólogos, estavam dispostos a pagar qualquer preço pelo melhor. O importante era o meliante descobrir o segredo mais oculto. Descobrir através dos meus gestos, olhares, reações e sinais o meu único crime.


Mas de nada adiantou, isso eles não tirariam tão facilmente de mim, eu já estou aprendendo a me dominar. Não entregarei mais de bandeja meus desejos, meus receios, e o que eu realmente penso. Pois então, se acharam no direito de me prender. Miseráveis! Me deixaram sozinha em uma pequena sala à deriva. Completamente ausente de algo que eu pudesse apoiar ou me agarrar.


Afinal, porque eu deveria dizer o que penso. De nada me vale. Eu sou minha própria refém, vivo constantemente presa a algo que devia dominar. Presa ao que sinto. Podem manter meu corpo preso aqui, é indiferente. Pois se eu estiver livre, em algum momento o vento levará meus pensamentos. Mas com a mesma voracidade, logo os trás de volta!
Por fim, minha única recompensa será que nesse belo, e ao mesmo tempo, doloroso momento sentir-me-ei dona de mim novamente, eu sentirei no pulsar do meu corpo a vida. Sim. A vida sem cortes, sem censura, totalmente na íntegra. Por isso afirmo. Livre ou presa, ninguém poderá usurpar de mim esse meu mais doce e louco pensamento.

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